quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Chinelo Rosa

A semana grande e difícil, cheia, corrida, sem tempo de pensar no que tava fazendo, agindo, fazendo uma coisa depois de outra. Sem contemplação, sem análises, sem direito a saber o que eu tava fazendo no meio de tantos movimentos. Completamente não-eu.
O dia começou com personal. É chato quando a gente tá muito tensa e tem que fazer força, é como se todos os músculos reclamassem por terem que se mexer pra mover uma pena de lugar.
Depois correria... depois mais correria...
Parei pra assistir um treino de jiu-jitsu. É legal ver o treino, é legal apesar de eu não entender quase nada, mas de dá a sensação de que eu poderia fazer aquilo. Mas hoje não... depois da semana 'super' que eu vinha tendo, uma dupla no meio do 'bola' atingiu a platéia. Pés de um dele no meu rosto e braço.
Lágrimas... não pela dor, mas pela frustração da pancada...
Depois febre, pq é claro que no meio do caos eu adoeço sempre. Passei o resto da tarde entre dormindo e acordando no embalo dos 37,5.
Acordei com a sensação de vazio, carencia, falta, solidão, falta de eco e compartilhamento que dá nesses momentos estranhos da vida, quando você apenas quer que alguém pergunte realmente como você tá, sem esperar o básico "tudo bem" e mudar de assunto.
Me lembrei que tinha que preparar o jantar, minha responsabilidade. Tomei banho e me dei conta de que meu chinelo rosa estava lá embaixo. Cara que coisa tola, era só um chinelo, e eu tenho pelo menos mais 3... mas eu queria o rosa, e ele tava lá embaixo, e isso pareceu a coisa mais importante do mundo.
Quando fui descer pra buscar, ele tava no pezinho da escada, aqui em cima, a V. tinha subido ele.
O que dizer? De repente foi gesto mas singelo de toda a minha semana. Alguém ter trazido meu chinelo rosa pro pezinho da escada.
Nada mais tolo, mas nada mais fofo do que isso. E eu não paro de chorar pensando no quanto eu tava precisando só daquilo. De um pequeno gesto de "eu me importo".
Toda a tensão foi resumida. Todo estresse da semana poderia ser explicado com aquilo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entrega - Procrastinação - Tédio

Hoje andei passeando entre os conceitos de procrastinação, tédio lascivo e entrega - ou medo de entrega, acho que seria mais adequado.
Meu carro virou uma banheira de tanta água, porcaria da porta tá com uma borracha num sei de quê pebada (cearês 'truanu') e foi o jeito mandar pra ajeitar. Detesto me ver descarrada, mas faz-se necessário.
Sabe, isso de estar aberta pro novo é algo labiríntico. Você se imagina a tal, cheia de coragem pra enfrentar o mundo inteiro, peito aberto, doa a quem doer. Afinal você pode. Você é forte... De repente, a realidade te segura pela mão, na maior delicadeza do mundo, e te leva pra dar uma olhada nas coisas que você andou aprontando e... êpa... onde tava aquela super-garota? Por que raios eu me vendi tão forte se no fundo é uma fragilidade absoluta? Onde você pensou que aceitaria as pedras do caminho com tanta facilidade?
Detesto me ver frágil quando pensava não ser. Aceito quando eu tenho controle da minha fragilidade, quando me coloco propositalmente nesse lugar, mas me perceber frágil como o plástico olhando pro fogo quando eu pensei ser o fogo... eita nego... isso é lasca.
Mas é bom sabe. Lá no fundo, depois de caminhar todas as entranhas do medo e da falsa segurança, existe pitada 'eu mesma' e meus defeitos que guardo tão bem guardados.
Ciclos foram fechados, gestalts resolvidas. E foi preciso perceber que certas coisas fazem parte, mesmo que eu as negue. são em mim, não apenas estão nesse momento, mas são em mim.
Percebi isso numa conversa ao pé de ouvido com uma pessoinha que ganhou importancia pela persistência.
Na verdade não é outra coisa, não é certeza de ser errado, não é falta de sentir, é medo, aquele estúpido medo que eu pensei estar vacinada. Medo e necessidade de preservação. Aquele "E se..." ligando passado-presente-futuro.

Por tédio, vou procrastinar esses dois assuntos... fica a dica: "Eu tenho medo pra caralho, sou megamente insegura e frágil demais pra sair da proteção..."

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Gás

A garrafa encostada no chão virou-se abruptamente. Deixou vazar o líguido levemente borbulhante e sem cor pelo chão. Ela não se moveu, apenas levantou a garrafa para evitar uma maior quantidade no chão. Mas optou por ver crescerem inúmeras bolhas de ar por dentro da poça que se formava.
Com um meio sorriso no rosto, pensou que esses pequenos espetáculos passam desapercebidos normalmente. Merecia apreciação.
Levantou, pegou o papel-toalha - sabia que não poderia usar pano, sentia que não era o caso - e começou a embebê-lo no líquido, quase triste por ter que retirá-lo do chão.
Enquanto limpava, lembrava do dia que vivia. Faltavam poucos dias para experimentar o ciclo fechar. Um ano... já se passara um ano. Retrospectiva sem nenhuma sombra de dor. Talvez, no máximo, tristeza pelos planos que fizera no início do ciclo, mas algumas coisas não nasceram para vingar.
Terminou a limpeza, acendeu um cigarro - outro ciclo que terminaria dali a uma semana.
Estivera esperando por um dia como esse há muito tempo. Envolta de paz, ainda que não sozinha - no outro quarto, outra pessoa deitara indefectível na rede.

O corpo exausto do esforço físico diário a que se obrigava.
A mente calma, mesmo que não vazia.
Só o ruido do ventilador e som calmo que Ela lhe apresentara meses atrás...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Fudeu, lembrei a senha do blog... hehehe

Fiz grão-de-bico pela primeira vez.
Eu gosto de grão-de-bico e dessa vez eu resolvi fazer e não esperar para comer apenas nas saladas dos self-service.
A pergunta a seguir poderia ser: Ouquei.. e daí?
E daí que fazer coisas novas ou pela primeira vez é bom, engrandecedor. Dá potência e sensação de aumento na vida.
Eu sou controladora, e me sentir no controle de algumas coisas, ainda que seja o cozimento do grão-de-bico, me faz muito bem. Andava muito descontrolada esses dias e tô sentindo de novo o poder nas mãos. Seja um poder construtor ou devastador, ele é importante.
A morte pode ser libertadora às vezes! =)

sábado, 8 de maio de 2010

Se não tem solução, ótimo, não é um problema!

Eu tenho bolinhas coloridas que incham com água! São lindas e felizes e me faz bem colocar água e vê-las inchar... é bobo, é tolo, mas eu adoro e não vou parar de fazê-lo.

Ontem transformei um problema em algo insolúvel, deixou de ser um problema. Muito melhor. Transformar coisas é bacana. Tranformar o talvez no impossível me deixa caminhar no mundo com mais leveza e naturalidade.

Transformei do meu jeito, na minha intensidade, com a minha cara. Cansei de esperar o momento certo para lidar com o ser em questão... se ocorre descompasso paciencia. Eu SOU descompassada... interruptor de foda-se no ON.

Meu estômago tá embrulhado por que bebi horrores ontem e dormi nada. Não consigo definir se é fome ou enjoo...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Rústica

Sobre mim...

... e apenas com o peso da leveza...


"Sonhei que era uma rosa
Feminil e delicada
Acordei viril,
Musculosa e inadequada

Sonhei que era uma voz
A propor belas falas
Não a rudez que tolhe
Em prosa que não calha

No andar
No pensar
No amar
Um eterno mal estar
Pra quê fui o amor inventar

Sou aquela que se entrosa
Com todos os meninos
Vigorosa e desprendida
Nas bandas da vida

Países não me explicam
Parentes não me abrigam
Poetas me perfuram
E palavras me penetram

No andar
No olhar
No tocar
Um eterno desejar
Pra quê fui o amor revirar

No feminino tímida
No masculino íntima
Sou de improviso lúbrica
De propósito rústica"


P.T.; D.V.

Constatação

Emancipação... essa era palavra...

Era assim que nomeava a causa...

Não sabia onde tinha ido parar o tudo que era tanto... pq ele já não transbordava...

Gostava de pensar que isso era mais uma das do tempo...

Estava satisfeita de ver que já não sorvia as coisas (e as pessoas) com sofreguidão... serenidade
Gostava de ver que sabia do que não precisava... e que sua urgência obedecia a uma fome mais tímida... mais fome, menos gula...

Preocupava-se um pouco com o que vinha depois... não com um possível retorno de cores que já conhecia, mas com o que seria agora... apesar e depois de...

E no meio disso td percebeu... estava feliz... levemente feliz.